“Superei os limites dos meus próprios sonhos”

Nem sempre a desistência é sinônimo de fraqueza ou abdicação. Às vezes ela só acontece porque quem luta já não tem outra opção. E, neste caso, a coragem de abrir mão dos próprios sonhos é a verdadeira demonstração de força. Disso, Hélio Hermito Zampier Neto entende muito bem.

Na manhã desta terça-feira (17), o zagueiro de 34 foi até a sala de imprensa da Arena Condá acompanhado pela esposa Simone e pela filha Helen e anunciou, de forma oficial, a sua aposentadoria. “Hoje venho, oficialmente, declarar a minha aposentadoria. O encerramento da minha carreira devido às lesões. Não foi algo planejado por mim encerrar, mas os médicos optaram pra que eu parasse de jogar. Sinceramente é uma vida nova. Tudo diferente. (…) Feliz pela carreira que Deus me deu, por tudo que Ele programou na minha vida. As vitórias que eu me alegrei, as derrotas que me fizeram amadurecer. Todas as derrotas que eu tive foram muito bem tramadas, porque foram elas que me impulsionaram pra que eu pudesse ter uma carreira sólida”.

Neto foi um dos seis sobreviventes do Voo LaMia 2933, mas ficou conhecido, de fato, pelas grandes atuações dentro de campo. Depois de passagens pelo futebol de base do Paraná e do Vasco, Neto iniciou a sua trajetória como atleta profissional em 2006, no Francisco Beltrão. Na sequência, teve passagens pelo Cianorte, pelo Guarani e pelo Metropolitano; Em 2013, recebeu a oportunidade de defender a camisa do Santos, onde atuou em 40 jogos e, por fim, em 2015 a sua história se cruzou com a da Chapecoense.

Pelo clube alviverde, Neto entrou em campo em 52 oportunidades e balançou as redes em quatro delas. Numa das mais emblemáticas, o defensor de quase dois metros de altura acertou uma linda bicicleta. Depois de uma cobrança de falta de Camilo, o camisa quatro mandou com categoria para o fundo das redes. Os outros foram marcados contra o Palmeiras – na goleada de 5 a 1 aplicada pela Chapecoense – contra o Santos – seu antigo clube – e contra o Brusque, no Campeonato Catarinense de 2016. Sua grande vocação, no entanto, era na defesa. Como xerife da zaga verde e branca, Neto conquistou o Campeonato Catarinense de 2016 e levou a equipe à grande final da Taça Sul-Americana do mesmo ano.

Os anos seguintes foram de luta e trabalho intenso, mas, principalmente, de superação. A garra – intrínseca ao zagueiro – passou a ser fiel escudeira, também, fora de campo. Foram quase três anos de uma batalha homérica contra as suas próprias fraquezas. Foram muitas cirurgias no joelho e também na lombar, mas, ainda assim, sempre houve muita esperança. Neto voltou a treinar com bola e com o elenco alviverde em março deste e alegrou a todos com a sua eminente possibilidade de retornar aos gramados. As dores, no entanto, também eram companheiras constantes. E foi então que o atleta – em conjunto com os médicos do clube – optou por comunicar a aposentadoria.

Apesar da decisão de “pendurar as chuteiras”, fica a certeza de que Neto seguirá atuando, efetivamente, em prol do clube, defendendo as famílias e propagando os grandes valores que sempre fizeram parte da sua história.

Por Alessandra Seidel

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