No futebol, a linha entre o sucesso e o fracasso é tênue, principalmente quando falamos de posições que possuem as maiores responsabilidade dentro das quatro linhas. Não há dúvida que o sucesso de um grande time passa por um grande goleiro ou grandes goleiros, por isso prepará-los, é algo imprescindível. A Chapecoense teve em sua história grandes goleiros, todos sempre muito identificados com o clube, porém por trás do grande trabalho dos “paredões” em campo, sempre houve profissionais muito bem preparados fora dele.
Após a tragédia que ceifou a vida de 71 pessoas em Medellín, no último ano, a missão de todos foi a reconstrução do clube em todos os departamentos, inclusive o de preparação de goleiros. Hoje, o departamento conta com dois profissionais atuantes nesta área: Rogério Maia eMarcelo Kunst.
Maia, como é chamado, foi contratado em meados de 2017. Ele foi o preparador de goleiros da Seleção Olímpica que ganhou a medalha de ouro nos jogos do Rio de Janeiro em 2016. O profissional chegou ao clube e logo sentiu que na Chapecoense as coisas seriam diferentes. “Sempre soube da harmonia da Chapecoense, dentro e fora de campo e esse era um desafio, manter esse bom ambiente durante o ano. Realmente o trabalho é feito com muita paixão e entusiasmo, trabalhar na família Chapecoense é sensacional”, afirma.
Como era de se esperar, o clube passou por vários momentos de provação e dificuldades, no entanto a preparação psicológica e técnica tinha de ser cada vez mais intensificada, para que os erros fossem minimizados. “Todas as nossas dificuldades -que são normais em qualquer clube- foram superadas com muito trabalho e companheirismo. O rendimento de todos os goleiros quando eu cheguei era altíssimo, mostrando que o trabalho já estava sendo realizado de forma exemplar e isso refletiu dentro do campo”.
Em sua chegada na Chapecoense, Maia encontrou o preparador de goleiros Marcelo, remanescente no clube. A união de conhecimento de ambos foi fundamental para atingir o sucesso nas metas traçadas no início do trabalho. Para Marcelo, a troca de experiências durante o ano foi fundamental. “Foi um ano de muito trabalho. Nunca é fácil recomeçar, principalmente da maneira que tivemos. A troca de experiências e a cumplicidade no trabalho nos ajudam a superar as dificuldades. Isso nos deixa muito feliz e com a sensação de que cumprimos com o objetivo”.
A torcida da Chapecoense sempre teve uma identificação muito forte com seus goleiros. A história mostra que o clube sempre foi muito bem representado em sua meta. Desde Vilmar Grando, o Xu, o primeiro goleiro da Chape, passando pelos campeões Luis Carlos (77), Madruga (96), Nivaldo (2007), Rodolpho (2011) os ídolos foram se formando com o DNA da Clube. Isso ficou muito bem representado pelo saudoso Danilo e que este ano foi evidenciado pelos goleiros por aqui passaram. “A Chapecoense sempre teve goleiros com o perfil vencedor e com características de velocidade, boa saída de gol e com o perfil psicológico de grande frieza e eficácia. Cito os exemplos de Danilo, Nivaldo, Follmann e Rodolpho e agora com Jandrei, Elias e Tiepo”, comentou Maia.
O próximo ano também reserva muitos desafios. O clube voltou a se classificar para a Libertadores da América, vai em busca do tri estadual e participará das grandes competições nacionais. A alma e o DNA do clube, aliados à dedicação dos profissionais responsáveis pela meta alviverde certamente trarão bons resultados dentro de campo. “Nosso ano será de provações. Vamos manter e honrar a nossa essência. Temos que dar continuidade em tudo o que a Chapecoense já fez até aqui e estarmos preparados para continuar fazendo mais e melhor”, finaliza Marcelo.