A Governança Corporativa e sua forte contribuição na reconstrução da Chapecoense

No início de 2017, a Associação Chapecoense de Futebol passou pelo processo de implantação da Governança Corporativa, um projeto que envolve o relacionamento entre conselhos, diretoria, sócios e órgãos de fiscalização – bem como das demais partes que possam ter interesse na gestão e no andamento do clube. Motivada por inúmeros fatores, o objetivo principal da implantação da governança foi tornar ainda mais profissional a gestão do clube, fazendo com que todas as áreas cumprissem com os procedimentos e normas das legislações vigentes e de acordo com a política de boas práticas seguidas pelas melhores equipes do mundo.

Em 2016, a Chapecoense já havia avançado muito no que diz respeito à gestão, com a contratação de uma auditoria externa, que tem como objetivo a comprovação da exatidão dos registros contábeis, propor soluções e melhorias para o aperfeiçoamento dos controles e sistemas do clube, verificação da correta apresentação e divulgação das demonstrações contábeis no período e emissão de parecer sobre os processos auditados. Devidamente corroborado com os Conselhos Estatutários, órgãos e entidades que exercem controle sobre a atividade, como a Federação Catarinense de Futebol e a Confederação Brasileira de Futebol, por exemplo. Além disso, a associação se adequou às normas internacionais de contabilidade, à Lei Pelé e às demais exigências e normas que regulamentam os times de futebol no Brasil.

Com o acidente ocorrido em novembro de 2016 – que acabou vitimando grande parte dos integrantes do clube – surgiu a impreterível necessidade do recomeço. Pensando em manter o legado de boa gestão que vinha sendo executada pelos antigos dirigentes, a implantação da governança mostrou-se ainda mais fundamental para a retomada. Conforme Plinio David De Nes Filho, Presidente da Chapecoense, houve um trabalho intenso no sentido de encontrar os melhores profissionais para auxiliar na reestruturação alviverde. “Iniciamos o projeto e fomos ao mercado em busca de profissionais e executivos com conhecimento para assumirem as quatro áreas que dão suporte à Chapecoense. (…) A nossa meta foi dar corpo à reestruturação e integrar ao clube profissionais específicos para atender as necessidades de gestão de um clube que precisava recomeçar”, destacou Roberto Aurélio Merlo, Diretor Administrativo e Financeiro do clube. Para ele, a governança corporativa foi indispensável para dar base ao novo projeto.

Com a prática da governança, foi implantado no clube um orçamento anual – que está sendo executado e foi construído a partir de uma estrutura necessária para atender todas as atividades do clube desde o início da temporada e que foi aprovado por todas as instâncias da Chapecoense. “O orçamento nos da uma garantia muito forte de acompanhar todos os processos e todas as receitas, custos e despesas para que sejam suporte indispensável na condução de todas as atividades do clube”, afirmou Merlo. Além disso, o clube conta, agora, com um fluxo de caixa diário com projeção até o final do ano, que garante a base para assumir de maneira eficaz todas as contas, entradas e saídas. Por fim, houve a implantação da auditoria interna, que faz parte de um projeto maior e tem por objetivo verificar todas os controles internos que dão suporte às atividades do clube. A prática da governança prevê, ainda, a implantação de um planejamento estratégico, que é um dos principais pilares da governança corporativa e está em fase inicial na Chapecoense.

Para o sócio Luiz Gonçalves de Oliveira Júnior, da empresa de auditoria externa (RL SOLUTIONS), a Chapecoense já se apresenta como um ótimo caso de boas práticas no que diz respeito à gestão no futebol e isso é resultado de um trabalho de reestruturação que vem sendo aplicado desde 2015, quando ocorreu a reforma do estatuto e, através dela, o esclarecimento dos poderes estatutários sobre os conselhos, bem como a especificação das atribuições e responsabilidades de cada um deles – processo que está facilitando a implantação da governança corporativa. Outro ponto a se destacar, conforme Luiz, é a consciência que a Chapecoense possui sobre os seus limites financeiros, que demonstra um pilar de sustentabilidade.

Implementar a governança tem sido sinônimo de uma verdadeira reorganização da Chapecoense, que envolveu o diagnóstico de cada departamento e a visão dos riscos existentes. Por conta da mudança, foi elaborado um novo organograma, um código de ética e conduta – bem como de um manual de procedimentos internos – além da criação da ouvidoria – um forma de estreitar o relacionamento entre clube e torcedor. “Instaurar a governança desencadeou uma força de todos os setores para a Chapecoense passar a ter uma gestão ainda mais profissional.  A união de todos e o pensamento mais inovador e otimizado dos processos foi o diferencial desta nova gestão trazendo melhores práticas e maior transparência, além de fazer com que todos vejam a Chapecoense como um exemplo”, destacou Luiz.

Por fim, com a prática da governança corporativa, a Associação Chapecoense de Futebol saiu na frente. Isso porque no início de 2017, quando a CBF divulgou uma cartilha para os clubes que participam de competições internacionais, a Chape já estava adequada a grande parte das políticas de gestão esportiva mais transparente. “Pensando em ser um clube formador, em ter uma política contábil adequada, em ter transparência de informações orçamentárias, em ter um código de ética e conduta e estar aplicando uma política de cargos e salários para os colaboradores, o clube coloca-se em consonância com o código maior do futebol brasileiro”, finalizou Ivan Tozzo, Vice-Presidente Administrativo e Financeiro do clube.

Texto: Alessandra Seidel Foto: Sirli Freitas

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