“O momento mais feliz da minha vida”. Foi assim que Tiago Coser, de 16 anos, definiu a segunda-feira, 19 de outubro de 2020, dia em que recebeu a notícia de que está entre os convocados do treinador Paulo Victor Gomes para a Seleção Brasileira Sub-17. A oficialização chegou através de um documento discreto – com o timbre da CBF no topo e, no centro, um nome que brilhava aos olhos. O papel – digno de moldura para a posteridade – tinha o peso da realização de um sonho de infância, do atleta e de toda a família, e foi celebrado como tal. “Depois que eu vi a notícia, não conseguia mais ficar sério. Era risada toda hora, alegria demais. A minha família comemorando, o meu celular não parava de tocar com ligação e mensagem… gente que eu nem conhecia mandou mensagem pra mim. Esse momento, com certeza, será inesquecível na minha vida” afirmou.
Natural de Chapecó, Tiago aprendeu a torcer pela Chapecoense desde os primeiros passos. Quando descobriu o talento com a bola nos pés, a torcida dividiu espaço com o desejo de, um dia, defender o time da cidade e do seu coração. Para ir em busca da realização, apesar da pouca idade, ele passou a se dedicar com afinco e encarar com responsabilidade cada treino. Foi então que, aos 10 anos, quando atuava no futsal, chamou a atenção dos então responsáveis pela escolinha do clube alviverde. “Eu comecei no futsal. Jogava no CRC, mas como tinha um amigo meu que jogava na Chape, na escolinha, e eles estavam sem zagueiro, eles me convidaram. Eu aceitei e vim pra cá”. Se, até o momento, a brincadeira com a bola nos pés ainda era um pouco despretensiosa, daquele dia em diante ela se tornou um compromisso. Com potencial indiscutível, Tiago logo começou a colher os frutos da dedicação. “Eu sempre era o mais responsável, o mais quieto. E o que mais se dedicava, também. Esse negócio de ter menos idade e sempre jogar numa categoria acima foi porque eu sempre me esforçava muito pra mostrar o meu futebol”.
O talento e o esforço chamaram a atenção de Nívia Bezerra de Lima, a primeira treinadora de Tiago, ainda na categoria Sub-11. Uma das grandes responsáveis por lapidar o zagueiro, Nivia relembra, com emoção, de cada a etapa da formação de Tiago e comemora a convocação como o primeiro de muitos frutos que ainda serão colhidos. “Pra mim é uma emoção muito grande ver o Tiago conquistando isso, chegando à Seleção Brasileira, no profissional. É muito gratificante ter feito parte do começo dele na Chapecoense. O Tiago começou comigo com 10 anos, mas ele já jogava na categoria acima. Naquela época, a base treinava dentro da escolinha, e a gente já enxergava o potencial dele. É uma emoção muito grande ter garimpado o Tiago, ter trazido ele pra Chapecoense, fazer todo o esforço que a gente fez – de dar bolsa, de fazer trabalho diferenciados com ele por conta própria pra potencializar ainda mais o talento que ele já tinha” afirma Nivia.
Mesmo antes da convocação, o reconhecimento já vinha acontecendo. Após ser um dos destaques do Verdão na Copa São Paulo de Futebol Júnior, o zagueiro foi integrado ao elenco profissional da Chapecoense e, numa importante troca de experiências, teve a oportunidade de treinar com atletas que são grandes referências . “Eu sempre ouvia falar muito sobre guris que poderiam ser convocados pra seleção. No começo eu não dava muita importância, era muito novo, não entendia direito o que era. Mas depois, quando comecei a ter mais conhecimento, passei a me dedicar ao máximo para chegar no profissional”.
Agora, com a chance de participar do período de treinos da Seleção Brasileira visando a preparação para o Sul-Americano da categoria – que tem previsão para acontecer entre os dias 31 de março e 25 de abril de 2021, no Equador – o atleta quer carimbar o passaporte para novos grandes desafios, a fim de crescer profissionalmente e, acima de tudo, retribuir o esforço e a confiança de quem sempre acreditou nele. “Sempre vou me doar um máximo. Não apenas para que eu tenha um futuro bom, mas para que eu possa dar isso pra minha família”.